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quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Taberna 474 atrai com clima de tasca

Fartura e simplicidade marcam cardápio que realça os pratos do mar em atmosfera animada

JOSIMAR MELO

CRÍTICO DA FOLHA

O espírito de bar/restaurante português é uma das coisas mais atraentes no mundo da gastronomia. Uma tasca de verdade, assim como uma taberna portuguesa autêntica, são lugares onde a fartura e a simplicidade chegam quase a comover.
No Brasil, assim como o termo bistrô é normalmente desviado, aplicado a restaurantes sofisticados e caros (e não a locais familiares e baratos como o são na origem), também os termos portugueses (tasca, taberna) pouco têm a ver com o que são originariamente em Portugal.
Mas alguns disfarçam bem -como é o caso da Taberna 474. Ali os proprietários conseguiram captar o clima rústico e animado das tabernas, embora essa versão paulista não seja principalmente devotada à bebida, nem tenha preços de boteco. Ou seja, é um restaurante paulistano. Dos Jardins.
Mas, se há muito de teatro, é uma encenação que vale a pena conhecer. Porque o ambiente é agradável, a comida é boa, e há casas portuguesas mais caras na cidade.
Criar essa atmosfera envolvente, injetando gastronomia num clima de bar, parece ser uma especialidade do proprietário Ipe Moraes, 44, a julgar pela sua trajetória. Seus atuais sócios estão juntos desde o bar Espírito Santo, aberto em 1998, vendido dois anos atrás.
Ali já havia essa pegada portuguesa, mais com lado de bar, mas com atrações gastronômicas interessantes. O tom mais ibérico, incorporando a Espanha, surgiu no Adega Santiago, aberta em 2006; e agora no Taberna 474. (Ipe também é sócio, com outro grupo, do BottaGallo, este de linha italiana.)
O novo restaurante busca realçar os pratos de mar, tão caros aos portugueses -embora não fique neles. Assim, há sardinhas na brasa e, logicamente, bacalhau (preparado como se deve, corretamente dessalgado, servido em quatro versões -com destaque para o bacalhau na brasa e para a versão ao forno com grão-de-bico e brócolis).
Também com a cara do lugar são os pratos de polvo (por exemplo, ao forno com cebolas, batatas e pimentão) e, fugindo do mar, o arroz de pato e a suculenta costela de boi assada com mandioca crocante. Para começar, há uma infinidade de petiscos da terra e do mar, de mexilhões e vieiras e lulas, às alheiras, croquetes e pasteis.
O cardápio foi criado por Ipe em conjunto com a chef da casa, Marcela Rossani Tiradentes, 30, nascida no interior de São Paulo, que já havia trabalhado com o grupo -no extinto Pharmacia, que foi deles, e participou da abertura da Adega Santiago.

TABERNA 474  
ENDEREÇO rua Maria Carolina, 474, Pinheiros, tel. 0/xx/11/3062-7098
FUNCIONAMENTO ter. e qua., das 18h às 23h30; qui., das 12h às 15h e das 18h às 23h30; sex. e sáb., das 12h à 0h; dom., das 12h às 22h
AMBIENTE gostoso, clima de tasca, com mesas de madeira nua
SERVIÇO atribulado, mas eficiente
VINHOS boa carta, com destaque para portugueses e espanhóis
CARTÕES A, D, M e V
ESTACIONAMENTO R$ 13
PREÇOS entradas, de R$ 7,50 a R$ 66; pratos, de R$ 16 a R$ 145 (para dois); acompanhamentos, de R$ 9 a R$ 12; sobremesas, de R$ 6 a R$ 12

terça-feira, 22 de novembro de 2016





Galeto Sat's

Endereço: Rua Barata Ribeiro, 7 - Copacabana - Rio de Janeiro - RJ


    Resenha por Carol Zappa

    O salão pequenino, de acesso espremido entre as primeiras mesas e o balcão que protege a churrasqueira, é frequentado por tribos variadas. Trabalhadores procuram o almoço nos dias úteis, famílias tomam conta do mesmo horário no fim de semana, vizinhos fiéis jantam cedo por lá e o pessoal da praia faz escala nos fins de tarde. Mas é noite adentro que o Galeto Sat’s vira uma festa. De madrugada, as turmas se misturam e são todos, menos os chatos, recebidos de forma hospitaleira por Sérgio Rabello. Dono do negócio desde 2008, ele é, de bom grado, responsável pelo bom funcionamento da saideira — Elaine, a mulher, Rafaela e Raoni, os filhos, ajudam no dia a dia. Segundo o horário oficial, a casa fecha às 4 horas, mas, dependendo da conversa, o expediente continua, de portas cerradas, até o dia clarear. Abastecem a boemia tulipas de chope Brahma (R$ 6,50, 350 mililitros) e as sugestões do braseiro. Dois hits locais são a linguiça (R$ 5,00) e o galeto crocante e macio ao molho sat’s, de laranja, limão, ervas, alho e pimenta (R$ 28,00). A opulenta farofa, com pouca farinha e meia dúzia de ovos (R$ 18,00, a meia porção), serve de guarnição ou tira-gosto, devorada de palito. Quando engata conversa, o anfitrião não perde a chance de mostrar seu orgulho: os mais de 300 rótulos de cachaça que enfeitam prateleiras e animam brindes. Ele ensina detalhes sobre preciosidades como a paraibana Cigana, envelhecida em carvalho (R$ 15,00 a dose), ou a gaúcha Weber Haus Reserva, que passa por bálsamo e carvalho francês (R$ 18,00). Com esses atrativos, o lugar foi, quase por unanimidade do júri, consagrado pela segunda vez a melhor saideira da cidade. Mas deve surgir em breve um rival à altura: Serjão, como é conhecido, está levando uma filial do campeão para Botafogo, pilotada ao lado do filho Raoni.
    Preços checados em julho de 2016.
    Saideira
    Entre anônimos e chefs — além de Thomas Troisgros e Rafa Costa e Silva, do Lasai, o espanhol Andoni Luis Aduriz, do premiado Mugaritz, e o astro da TV Anthony Bourdain já bateram ponto por lá —, pequenas multidões se espalham pela calçada noite adentro, em busca do último chope Brahma (R$ 6,50, 350 mililitros). O saboroso cardápio, aliado à simpatia caseira no atendimento, justificam a consagração do tradicional boteco como a melhor saideira da cidade, segundo o júri da última edição do especial COMER & BEBER, publicado por VEJA RIO. Da churrasqueira a carvão ­saem verdadeiras delícias. Antes da etapa principal, peça a porção de coração de galinha (R$ 24,00). Sempre bem temperada e no ponto perfeito, a entrada tornou-se um hit, ainda mais se for acompanhada pelo pão de alho com bastante manteiga (R$ 7,50). Prove uma das mais de trezentas opções de cachaça da carta montada pelo proprietário e estudioso do assunto Sérgio Rabello. Boa sugestão, a gaúcha Weber Haus Black passa por dois tipos de madeira: bálsamo e carvalho francês (R$ 18,00 a dose).