Chic x Ryqueza
7 de abril de 2013
CONSTANCE ZAHN
Estava fora quando soube da morte
da estilista Clô Orozco. Demorei para digerir a triste notícia. Queria
dizer alguma coisa por aqui, pois sinto muito a partida dos estilistas
que admiro, mas não tinha conseguido parar para escrever antes…
Quando Yves Saint Laurent faleceu, fiz um breve post. Para mim, com a sua ida, foi-se também um pouco (mais) da alta-costura, a arte que ele exerceu tão bem…
No dia 28 de março, o Brasil se despediu
não somente de uma de suas melhores estilistas, mas também de uma das
poucas representantes do “chic” no país.
O “chic” parece tão fora de moda desde que a ”a cara da ryqueza” se tornou o must.
“A cara da ryqueza” pode ter muitas
facetas: de glamour, de luxo, de poder, de brilho, de excesso, de
extravagância… Uma coisa é certa: cada vez mais, a “ryqueza” é
interpretada (ou confundida?) como sofisticação.
O engraçado é que nem sempre o que tem
“a cara da ryqueza” tem a qualidade que sugere – afinal, nem tudo que
reluz é um bordado bem feito, nem todo arranjo enorme traz as melhores
flores, nem todo bolo de 6 andares tem o melhor acabamento de glacê e
nem sempre lagosta combina com o menu. Quem vê a cara da ryqueza (não
tem como não vê-la), nem sempre vê a sofisticação.
O chic é rico, com “i”. O chic tem
informação, tem conceito, tem certa discrição. O chic não precisa
gritar, ele sussurra porque tem segurança. O chic pode ser simples
(mesmo quando é complexo), mas jamais é simplório! Acima de tudo, o chic
é atemporal. E é por isso que quando a Huis Clos lançou sua linha de
vestidos de noiva, charmosamente batizada de “Prêt-à-Marier“, a marca deixou o universo do casamento um pouco mais chic.
Dentre as tantas frases geniais de Coco Chanel, talvez a minha preferida seja: “Le luxe, ce n’est pas le contraire de la pauvreté mais celui de la vulgarité.”
Numa tradução amadora: “O luxo não é o oposto da pobreza, mas sim o da
vulgaridade.” (lembrando que vulgar também significa banal, corriqueiro,
medíocre). A escolha de Clô Orozco como tradutora do livro “Diferente como Chanel” não poderia ter sido mais acertada. No meu dicionário, Clô Orozco era a tradução do chic, prerrogativa do luxo.
A cara da elegância.
Nenhum comentário:
Postar um comentário